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O mar ainda resiste

A reportagem fala que os Orgaos internacionais e centros de pesquisa procuram alternativas para diminuir a pesca em escala industrial, que ameaca extinguir especies marinhas como bacalhau e atum.

Orgaos internacionais e centros de pesquisa
procuram alternativas para diminuir a pesca
em escala industrial, que ameaa extinguir
especies marinhas como bacalhau e atum
Ha 28 anos, o escritor americano Peter Benchley ficou famoso por escrever um livro em que transformava um tubarao branco num monstro devorador de gente. Com o titulo Jaws (mandibulas, em ingles), o livro deu origem ao primeiro grande sucesso de Steven Spielberg, o filme Tubarao. Hoje, Benchley continua a dedicar sua atencao a esses vorazes predadores marinhos. Agora, ele e porta-voz de uma grande campanha do Centro de Pesca Sustentavel da Universidade de Miami, na Florida, pela preservacao desses peixoes. Os tubaroes tem sido capturados em ritmo impiedoso para a retirada de suas barbatanas, uma iguaria gastronomica na Asia. Calcula-se que 70 milhes de tubaroes sejam pescados por ano e que a populacao de algumas especies tenha sido reduzida em 90%.

Os tubaroes estao longe de ser o unico alvo da pesca predatoria. Um relatorio das Nacoes Unidas aponta que 75% das reservas marinhas da Terra estao superexploradas, em via de se esgotar ou ja exauridas. A devastacao atinge principalmente peixes de grande valor comercial, como o atum, a garoupa e o bacalhau, pescados em altssima escala por navios que mais parecem imensas fabricas flutuantes. Sao as supertraineiras, estruturas que chegam a 140 metros de comprimento e tem ate sete andares. Suas redes, fortes e longas, capazes de engolir monumentos do porte da Estatua da Liberdade, com seus 46 metros de altura, podem capturar centenas de toneladas de vida marinha de uma so vez. A Organizacao para Alimentacao e Agricultura das Nacoes Unidas (FAO) calcula que nos ltimos cinquenta anos o volume de pesca tenha crescido seis vezes, de 17 milhoes para 105 milhoes de toneladas.

Nmeros

75%das reservas marinhas estao superexploradas, em via de se esgotar ou ja totalmente exauridas
105 milhoes de toneladas e o volume anual de pescado, quantidade seis vezes maior que a de cinquenta anos atras
Impor limites a pesca e assunto polemico, j que envolve a sobrevivencia de milhoes de pessoas, que tanto consomem os peixes como vivem de sua captura. Os tratados internacionais sobre o assunto inevitavelmente emperram quando se discute a distribuicao de cotas ou moratorias de pesca de uma ou outra espacie. Ha alternativas que podem resolver boa parte do problema. Na Noruega, um dos setores mais promissores da economia sao as fazendas marinhas onde se comeca a criar bacalhau, uma das especies mais ameacadas de sumir dos oceanos. O modelo o mesmo dos centros que ha varios anos produzem salmao no pais. O primeiro cardume de bacalhau produzido em cativeiro deve comecar a chegar as mesas em dois anos, peiodo que os peixes levarao para engordar os 5 quilos requeridos para o abate. "Estamos muito otimistas e acreditamos que o crescimento dessa atividade sera continuo nos proximos cinco anos", diz Marit Solberg, diretora da empresa Marine Harvest Norway, responsvel pela instalacao da primeira fazenda na cidade de Stavanger, costa oeste do pais. "Em dez anos produziremos 400 000 toneladas de peixes", anima-se ela. Isso equivale ao dobro da cota anual pescada pela Noruega. A producao de bacalhau e uma grande conquista. O ciclo de vida desse peixe e diferente do de outros, como o salmao, por exemplo. Enquanto e possvel alimentar alevinos de salmao com racoes secas, no caso do bacalhau e preciso fornecer plancton e minusculos crustaceos ainda vivos para os filhotes nos primeiros estagios de vida. Foi preciso instalar um criadouro desses microrganismos antes de comear a produzir o bacalhau. Neste ano foram produzidos 300 000 alevinos, que agora crescem na fazenda de Stavanger.

Apesar de promissora, a piscicultura nao resolve todos os problemas de superexploracao dos mares. A situacao mais perversa ocorre em lugares onde se juntam pobreza e grande riqueza biologica, como a costa dos paises do noroeste da Africa. La, a pesca industrial predatoria tornou-se o principal motor da economia de varios paises. Na Mauritania, a pesca sustenta a maioria da populacao, e o governo tem boa parte de seu oramento ancorada na venda de licencas para companhias pesqueiras estrangeiras. Nas aguas do pais operam barcos europeus, russos e japoneses que tentam compensar a escassez de peixe nas areas ja esgotadas no Atlantico Norte. A Mauritania e dona de um dos grandes bancos de peixe do mundo, conhecido como Banco de Arguin, que se estende por 100 quilometros de litoral. A origem de tal riqueza e a quantidade colossal de fitoplancton, que atrai muitos peixes e crustaceos, um verdadeiro banquete para diversos tipos de aves que vivem por la. Desde 1976, o Banco de Arguin e considerado area de protecao ambiental e so pode ser explorado por pescadores que vivam nos arredores e nao usem barco a motor. Mas a lei e constantemente desrespeitada. Um numero cada vez maior de pescadores, quase todos nativos do interior que buscam melhores condicoes de vida na costa, usa clandestinamente barcos a motor para passar suas redes pela reserva. O resultado e que o estoque de peixes do banco esta cada vez menor. O governo da Mauritania tenta achar uma frmula para resolver o problema. Recentemente impos limites a pesca de polvo na regiao para diminuir o impacto dessa atividade no meio ambiente. Sao apenas paliativos, mas demonstram o interesse em preservar a riqueza do Banco de Arguin.

A morte nas redes de pesca

A ONU calcula que um quarto dos animais pescados seja rejeitado como lixo. Isso equivale a 25 milhoes de toneladas de golfinhos, tartarugas marinhas, esponjas e moluscos que ficam presos acidentalmente nas redes e na maioria das vezes morrem antes de ser jogados de volta ao mar