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Reservas de vida

A reportagem fala que as ultimas fronteiras da ocupacao humana, a Antartica e o Artico, estao sob vigilancia dos ecologistas. O objetivo e evitar que o progresso destrua a riqueza dessas regioes.

As ultimas fronteiras da ocupacao humana,
a Antartica e o Artico, estao sob vigilancia
dos ecologistas. O objetivo e evitar que o
progresso destrua a riqueza dessas regioes

Os polos terrestres sao as duas regioes mais longinquas e inabitadas do mundo. Talvez por isso sua degradacao ambiental ainda se mantenha num ritmo inferior que ocorre nas outras regioes do planeta. Mas tanto a Antartica como o Artico passam por uma serie de transformacoes ambientais que vao do descongelamento das calotas provocado pelo aquecimento global ate o derramamento de lixo toxico em suas aguas por navios que transitam por la. Um levantamento do Programa das Nacoes Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) divulgado no ano passado estima que o desenvolvimento industrial, combinado com o impacto do aquecimento global, pode devastar ate 80% do Artico nos proximos cinquenta anos. Em toda a area que cerca o Mar de Barents (onde ha dois anos ocorreu o naufragio do submarino nuclear russo Kursk) constroem-se industrias e estao em andamento as obras de uma enorme rodovia. As construcoes destroem areas alagadas da tundra e passam por cima do habitat de diversos animais, como a rena e o caribu. Qualquer impacto desse tipo na regiao do Artico demora anos para ser amortecido. O frio intenso e as chuvas, raras, o que faz com que o ciclo de crescimento da vegetacao aconteca mais lentamente que em regioes de temperatura mais amena. Os recursos hdricos sao escassos. No caso de contaminao das aguas, a reposio e lenta e complicada.
O ecossistema dos polos e delicado ao maximo. Cada degrau da cadeia alimentar e extremamente dependente dos demais, o que torna a eliminacao de especies uma catastrofe. No Polo Norte, a reducao na oferta de crustaceos significa um cardapio bem mais modesto para peixes e mamiferos de porte medio, como as focas e os leoes-marinhos. A diminuicao desses mamferos afeta a vida no topo da cadeia, representada pelo urso-polar. Esse belo mamifero de mais de 500 quilos e um cacador extraordinariamente dotado para o gelo e um prodigio da evolucao. Suas patas grossas ajudam no equilibrio sobre o terreno escorregadio, e sua pele escura e coberta por pelos quase transparentes, que lhe dao uma coloracao branca ou levemente amarelada durante o dia. Isso e vital para que o urso-polar se confunda com a branca paisagem artica e cace sem ser notado. Alem disso, sua incrivel fora e ferocidade o transformam no animal mais temido da regiao, o que lhe valeu o apelido de "rei do Artico".
Esses animais sofrem com as alteracoes climaticas. A epoca mais importante do ano para o urso-polar o fim do inverno, quando ele aproveita para comer a maior quantidade possivel de gordura de foca. O objetivo e formar um estoque de calorias para o verao, quando o gelo naturalmente se derrete e arrumar comida fica mais dificil. Com o aumento das temperaturas no planeta, os blocos se liquefazem muito mais cedo, antes que o urso-polar possa se empanturrar de gordura. Pior: toda a agilidade desenvolvida para cacar sobre o gelo desaparece dentro da agua, onde falta velocidade para acompanhar o nado da presa. Essa raca, diferentemente de outros tipos de urso, que podem sobreviver de sementes, mel ou frutas, tem uma dieta limitada, o que significa animais famintos e agressivos durante a estacao mais quente. Estudos indicam que, caso o aquecimento climatico continue no ritmo de hoje, os cerca de 20 000 ursos-polares existentes podem desaparecer ate 2020.
Na Antartica, a ameaca das alteracoes climaticas e ainda mais grave. A temperatura media na regiao subiu entre 1,6 e 2,2 graus Celsius nos ultimos cinquenta anos, contra um aumento mundial entre 1 e 2 graus. No extremo sul, a diminuicao dos blocos congelados reduz drasticamente a populacao de um crustaceo chamado krill. Esse pequeno animal, semelhante a um camaro, se alimenta de microalgas que crescem na borda das geleiras. E o alimento de aves como o pinguim e mamiferos como a baleia-azul. Com a escassez de krill, a populacao de algumas especies de pinguim, como o Adelie, esta diminuindo. Grupos ambientalistas de todo o mundo vem chamando a atencao para o problema, e projetos destinados ao salvamento de pinguins estao crescendo. Recentemente, uma empresa neozelandesa fabricante de queijo assumiu para si a responsabilidade pela protecao de uma especie chamada pingim de olho-amarelo. A baleia-azul nao tem o carisma dos pinguins, por isso vive uma situacao mais difcil. Esse imenso mamifero que habita varias regioes do mundo, entre elas a Antartica, e um devorador voraz de krills. Quando sente fome, aproxima-se de um cardume desses camaroes minusculos, abre a bocarra e simplesmente deixa em torno de 4 milhoes deles escorregar para dentro. Depois, elimina o liquido e retem os animaizinhos em sua barbatana, que serve como filtro. Por fim, os engole. Um estudo realizado na Gra-Bretanha mostra que a atual oferta de krills nao chega perto da demanda exigida pela baleia-azul, que viu sua populacao cair de 250 000, ha 100 anos, para menos de 1 000 na virada do milenio.

Quando a simpatia ajuda na preservacao
Desde que os primeiros europeus aportaram nas ilhas antarticas, os pinguins chamaram a atencao por seu ar bonachao. Em terra, agrupam-se em enormes colonias, o que os tornou presa facil no passado. Um desses grupos se rene anualmente em Punta Tombo, na Argentina. Todo ano, 50 000 turistas assistem a um curioso evento que consiste numa reuniao de milhares de pingins de Magalhaes, uma especie que vive na zona subantartica. O jornal The New York Times descreveu o evento como "um espetaculo em preto-e-branco"